O homossexualismo (parte 2)

O homosexualismo é igual aos outros pecados?

Entendendo as diferenças entre o homossexual e o ser humano sexualmente natural

Algum tempo atrás um líder evangélico do Brasil argumentou que tanto o homossexual quanto o “heterossexual” precisam se controlar sexualmente. Ele disse: “A conduta que Deus exige tanto do homossexual quanto do heterossexual é a mesma”. Dizer isso é implicar que tanto a sexualidade natural quanto a homossexualidade são normais. Então o que e errado é apenas o descontrole dos impulsos sexuais dos seres humanos naturais e dos homossexuais? Seria pensar que, assim como o homem natural tudo o que o homossexual precisa fazer é se autocontrolar? No entanto, dizer isso não significaria que é normal ser homossexual desde que não se pratique o comportamento homossexual?

A intervenção de Jesus na vida de um homossexual limita-se apenas na supressão de seu comportamento? Onde está o espaço para Deus realizar uma mudança de coração? Em 1 Coríntios 6:9-10 os homossexuais são colocados juntamente com outros tipos de indivíduos que não têm direito de entrar no Reino de Deus. Então, se formos aplicar o pensamento da naturalidade da identidade de pecado numa pessoa, tanto o adúltero quanto o heterossexual precisam se controlar? Tanto o assassino quanto o heterossexual precisam se controlar? Tanto o ladrão quanto o heterossexual precisam se controlar? Será que Jesus tem o poder de eliminar as práticas erradas de um ladrão, mas não de transformar sua natureza de ladrão? Um adúltero que se torna cristão e pára de adulterar será adúltero o resto da vida, mesmo sem praticar o adultério?

Não é pecado ser ladrão, desde que não se roube? Não é pecado ser adúltero, desde que não se cometa adultério? Não é pecado ser homossexual, desde que não se cometa atos homossexuais? Não é pecado ser pedófilo, desde que não se faça sexo com crianças? Esse pensamento faz sentido?

Todos os “heterossexuais” nascem em pecado e podem assim se tornar ladrões, assassinos, adúlteros, homossexuais, etc. A condição humana de heterossexual em si não é pecado, pois ele tem desejos, vontades e condutas sexuais que, ainda que manchados pelo pecado, foram projetados por seu Criador. Contudo, a condição de homossexual não é natural. Os desejos, vontades e condutas sexuais do homossexual não foram, em nenhum sentido, projetados pelo Criador. Ser heterossexual em si é perfeitamente normal. Ser homossexual não.

Um homem ou mulher natural (que as ideologias politicamente corretas de hoje classificam como heterossexual muitas vezes para fazer diferença com o homossexual) pode ser adúltero, ladrão ou homossexual. No caso do homossexual, ele é um “heterossexual” prisioneiro de uma identidade e condição de pecado, com todos os desejos, vontades e necessidades decorrentes de seu estado.

Implicar um mínimo de igualdade entre o homossexual e o ser humano sexualmente natural é tirar do prisioneiro do homossexualismo a esperança de se ver como alguém em necessidade da graça e do poder de Jesus para restaurá-lo à condição sexual projetada pelo Criador. O ser humano em si não tem a capacidade de libertar um homem de sua condição homossexual. Mas será que todas as coisas são possíveis para Deus, menos a libertação de alguém preso a um identidade sexual antinatural?

O poder do Evangelho é muito mais do que só a cessação de um ou dois comportamentos errados. Embora a cessação de condutas erradas seja útil para a paz e ordem social e ajude um cristão a ter um bom testemunho na sociedade, o poder do Evangelho envolve salvação, libertação e transformação de todos os que abrem com sinceridade o coração para a pessoa de Jesus Cristo. Essa transformação é uma obra do Espírito Santo começando de dentro para fora de uma pessoa que se entrega em fé e obediência a Jesus. O indivíduo praticante do homossexualismo faz uma boa obra quando deixa de praticar atos homossexuais, porém as boas obras em si, por melhores que sejam, são inúteis para a salvação. Mas têm outras utilidades. Se ele se interessa pela paz e ordem na sociedade, ele se oporá ao comportamento gay e toda tentativa legal e política de favorecê-lo. Essa é uma boa obra que é útil e agradável para o bem-estar social, pois pesquisas revelam que o estilo de vida homossexual é responsável pela propagação de diversas doenças sérias na sociedade. No entanto, se ele quer salvação, o único caminho é se abrir para Jesus Cristo e suas transformações. As boas obras, nesse caso específico, são incapazes de ajudá-lo na sua libertação.

Homossexual: eunuco por amor ao Reino de Deus?
Já li texto de pelo menos dois líderes evangélicos do Brasil declarando que um homossexual evangélico é chamado para ser eunuco. Será que o homossexual cristão pode ser considerado um “eunuco por amor ao Reino de Deus”? O movimento gay tem procurado fazer uso de todos os tipos de recursos teológicos a fim de “provar” que não há condenação bíblica para a homossexualidade. Um dos recursos é a utilização do termo eunuco. Numa entrevista, colocou-se a seguinte questão para Luiz Mott, considerado o mais importante militante do movimento homossexual no Brasil: “O crescimento do homossexualismo e sua maior aceitação por parte da sociedade tendem a alterar a visão evangélica mais ortodoxa, segundo a qual o comportamento gay é pecado e abominação contra Deus”. Mott respondeu:

— Sim, os cristãos, devem respeitar o ensinamento de Jesus de que há eunucos que assim nasceram do ventre de suas mães. Eunuco é um eufemismo usado por Cristo para se referir aos amantes do mesmo sexo, ainda que o termo “homossexual” só foi inventado em 1869. Hoje a genética comprova cada vez mais a naturalidade da orientação sexual: portanto, faz parte dos planos do Criador também a existência de seres humanos com orientação homossexual… Abominação é o desamor, é não escutar a voz do Espírito Santo, que através da exegese, da genética, da antropologia, garantem a normalidade e universalidade do amor homossexual. Homossexualidade é amor, tão puro e verdadeiro como o que o Rei Davi sentiu por Jonas: “teu amor me era mais delicioso que o amor das mulheres!”[4]

Em primeiro lugar, vamos ver o que Jesus mesmo diz:

“Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber isso, que o receba”. (Mateus 19:12 RC)

Outra versão torna as palavras de Jesus ainda mais claras:

“Pois há razões diferentes que tornam alguns homens incapazes para o casamento: uns, porque nasceram assim; outros, porque foram castrados; e outros ainda não casam por causa do Reino do Céu. Quem puder, que aceite este ensinamento”. (Mateus 19:12 BLH)

O eunuco pode ser o homem que nasce sem a capacidade natural de ter relações sexuais e gerar bebês (como, infelizmente, às vezes ocorre com pessoas que nascem com graves deficiências nos órgãos genitais ou nascem sem esses órgãos). Tal caso não se aplica ao homossexual, que pode tanto ter relações sexuais normais quanto gerar bebês, se optar por um casamento natural.

Quando fala de eunucos, Jesus sem dúvida se refere à situação infeliz dessas pessoas. Ele também se refere às pessoas que tiveram uma experiência traumática como a de Daniel, que foi castrado à força e assim se tornou eunuco na Babilônia. E ser eunuco pelo Reino de Deus se aplica a todos os que por livre vontade deixam de casar a fim de servir melhor o Senhor Jesus. Jeremias é um exemplo: ele não se casou por amor ao seu trabalho profético dirigido por Deus.

Portanto, eunuco pode ser o homem que nasceu sexualmente deficiente, ou o homem que foi castrado ou ainda, figurativamente, o homem que renuncia ao casamento a fim de se dedicar inteiramente ao trabalho do Reino de Deus, conforme a orientação de Paulo em 1 Coríntios 7:25-26,32-33. Nessa última definição, Jesus não menciona que o homem se torna eunuco para não pecar sexualmente. Ele se torna como um eunuco no sentido de que evita o casamento e todas as suas imensas responsabilidades a fim de que possa dedicar sua atenção e energias exclusivamente para trabalhar para Deus.

João Batista foi um “eunuco” pelo Reino de Deus, já que todo seu tempo era exclusivamente empregado no seu intenso ministério profético. Ele renunciou ao casamento para se dedicar à missão de anunciar a vinda do Messias. Ele não tinha tempo para nada, a não ser os interesses de Deus. Assim, o eunuco pode ser um homem que renuncia ao casamento a fim de servir a Deus de modo mais completo. Alguns cristãos conseguem viver intensamente para Deus sem casamento. É uma capacidade que Deus lhes deu. Paulo, que não era casado e trabalhava para Deus com muito amor, declarou: “Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira, e outro de outra”. (1 Coríntios 7:7 RC)

Agora, como interpretar que um homossexual pode ser eunuco por amor ao Reino de Deus? Será que também poderíamos incluir nessa interpretação um assassino não matar por amor ao Reino de Deus? Ou um adúltero não adulterar por amor ao Reino de Deus? Ou um pedófilo não violentar crianças por amor ao Reino de Deus? Faz sentido pensar dessa forma?

Seria correto colocar na categoria de eunuco pelo Reino de Deus um indivíduo cuja identidade, desejos e sentimentos sexuais são caracterizados pela antinaturalidade? Eunuco por amor ao Reino de Deus é o homem que convive a vida inteira com sentimentos e desejos homossexuais e os reprime? Ou é o homem que se dispõe a conviver com o chamado de se entregar completamente para Deus e seu serviço?

Os homossexuais são iguais a quem?

Uma revista evangélica agrupou condições humanas aparentemente no mesmo nível: “O homem e a mulher [que são iguais em valor natural], o jovem e o adulto [que são iguais em valor natural], o hetero e o homossexual…” Em que sentido o homem e a mulher sexualmente natural poderiam ser colocados no mesmo nível de um indivíduo que tem sentimentos ou práticas antinaturais? Se há uma igualdade tão parecida assim, então os ativistas gays não estão com a razão quando utilizam o argumento da igualdade para exigir cada vez mais direitos e privilégios especiais para seu comportamento? Assim, pouco adiantaria condenar um comportamento sexual desaprovado pela Palavra de Deus, porém aceitar uma igualdade entre o ser humano sexualmente natural e o ser humano sexualmente antinatural.

Ser homem, mulher, jovem, adulto e heterossexual são condições humanas normais que não caracterizam nem direta nem indiretamente nenhum tipo de anormalidade ou antinaturalidade. Tal, porém, não é o caso com relação à homossexualidade. Homossexual é o indivíduo cuja característica de vida é a prática e/ou atração por indivíduos do mesmo sexo. Essas práticas e/ou atrações são totalmente antinaturais.

Certamente, sem intenção maldosa a revista acabou cometendo um equivoco, dando a impressão de normalidade aos homossexuais, pois colocou-os na categoria de condições humanas naturais que não designam em si atividade ou estado de pecado. Contudo, quando coloca os homossexuais em categorias humanas, a Palavra de Deus faz questão de apresentá-los juntamente com condições humanas diretamente envolvidas em identificações e condutas contrárias à vontade de Deus.

Embora os ativistas gays lutem muito para que os homossexuais sejam colocados lado a lado junto com os homens sexualmente naturais, como se houvesse entre eles apenas diferenças insignificantes entre dois grupos normais, a Bíblia jamais os coloca na categoria de seres humanos normais. Em 1 Timóteo 1:9 os homossexuais aparecem com outros indivíduos “normais” como eles: indivíduos que desrespeitam a lei e a ordem, criminosos, assassinos, seqüestradores, etc. Essa é a lista de problemas terrenos em que, conforme Paulo, os homossexuais podem ser normalmente colocados.

Em 1 Coríntios 6:9-10, os homossexuais são colocados em outra lista em que há indivíduos que, de acordo com Paulo, não têm o direito de entrar no Reino de Deus: adúlteros, idólatras, ladrões, beberrões, difamadores, etc. Assim, na categoria de indivíduos que violam as leis e a vontade de Deus, os homossexuais são considerados normais.

Vê-se que, no lado espiritual, o homossexual recebe condenação no que se refere à eternidade. Pelo lado terreno, ele recebe condenação no que se refere às leis humanas que têm a responsabilidade de proibir e castigar condutas erradas e antinaturais.

Implicar que a única coisa que, em seus sentimentos e desejos antinaturais, um homossexual pode fazer é se tornar um “celibato” ou “eunuco” por amor ao Reino Deus é ter uma fé que remove o homossexual da lista de possibilidades de intervenção e transformação de Deus. Se a leis humanas justas chamam os cidadãos para se absterem de muitos tipos de condutas erradas e impróprias, inclusive as práticas homossexuais, o Evangelho os chama para muito mais. O Evangelho chama a todos para Jesus, onde há amor, alegria, paz e transformações de vida que nenhum ser humano pode oferecer.

É crendo nesse Evangelho que sou ousado para alcançar quem precisa de salvação, inclusive drogados, prostitutas e até mesmo pessoas que não têm nenhum desses pecados sérios, mas também precisa de Jesus. Anos atrás, estive num evento escolar na cidade de São Paulo em que todos estavam a vontade reunidos em grupos e conversando, menos a “diretora” da escola. “Ela” estava isolada num canto, sem ninguém com quem conversar. Apesar da aparência e roupa de mulher, “ela” na verdade era um homem. Meu coração se encheu de compaixão por aquela alma.

No próximo evento, levei um folheto do ex-gay Sy Rogers e quando vi os grupos se formando e a “diretora” sozinha em seu canto, fui até “ela”, conversei sobre o amor de Jesus e lhe dei o folheto. Todos olharam para mim, cochichando e dizendo que eu provavelmente deveria ter o mesmo problema “dela”, só porque me “atrevi” a me aproximar “dela” para conversar. Naquele dia, ouvi muitos insultos contra mim unicamente por minha atitude de estar com alguém que precisava ouvir o Evangelho. Por essa atitude, fui hostilizado pelos jovens da escola, que me xingaram de “bicha” e outros nomes.

Não foi fácil, porém ajo por amor a Jesus. Não tenho medo de fazer a vontade de Deus, mesmo quando há incompreensão e oposição, pois sei que suas transformações miraculosas e maravilhosas estão ao alcance de todos os que abrem o coração para Deus com sinceridade. Minha grande alegria foi ver o interesse da “diretora” no Evangelho e no testemunho do folheto, que contava sobre a libertação de um homossexual. “Ela” me ouviu falar de Jesus com muita atenção e gratidão.

Questões importantes para consideração
Apoiar-se na idéia de que os indivíduos escravizados a sentimentos e desejos homossexuais podem agradar a Deus sendo “eunucos” é mostrar falta de esperança numa transformação miraculosa e real de Jesus para restaurar um homossexual à sexualidade natural. Corre-se assim o risco de achar que, embora possa receber perdão e paz, não se pode mudar a natureza homossexual de uma pessoa. Passa-se então a crer num tipo de conversão sem transformação, em que depois de se tornar cristão, um gay vira simplesmente um homossexual cristão que precisa ser um “eunuco” para não colocar em prática seus desejos antinaturais!

Embora não tenhamos nenhuma capacidade de transformar ninguém, pessoas oprimidas pelo homossexualismo podem receber de Jesus muito mais do que só perdão e paz.

Mesmo que alguns especialistas venham a “provar” que a homossexualidade tem como fator principal a genética, não precisaremos limitar nossa confiança na Palavra de Deus no que se refere ao homossexualismo. Veja o que a Bíblia diz: "Vocês sabem que os maus não terão parte no Reino de Deus. Não se enganem, pois os imorais, os que adoram ídolos, os adúlteros, os homossexuais, os ladrões, os avarentos, os bêbados, os caluniadores e os assaltantes não terão parte no Reino de Deus. Alguns de vocês eram assim. Mas foram lavados do pecado, separados para pertencerem a Deus e aceitos por ele por meio do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus." (1 Coríntios 6:9-11 BLH)

O que a Palavra de Deus mostra é que na igreja do Novo Testamento havia pessoas que eram homossexuais no passado. Só no passado. Assim, onde Jesus tem espaço para visitar, libertar e transformar, a homossexualidade de alguém permanece no passado, não por toda a vida.

Portanto, precisamos avaliar com sinceridade: 1) Um homossexual pode ser considerado um eunuco por amor ao Reino de Deus? 2) A Palavra de Deus está certa quando ensina que a homossexualidade de um cristão liberto fica no passado? 3) O que o Senhor Jesus Cristo pode fazer por pessoas oprimidas pelo homossexualismo? 4) O Senhor Jesus realmente pode mudar a natureza alcoólatra, pornográfica, enganadora, assassina ou homossexual das pessoas?

São perguntas que precisam ser devidamente tratadas e respondidas.


Copyright 2004 Julio Severo. Proibida a reprodução deste artigo sem a autorização expressa de seu autor. Julio Severo é autor do livro O Movimento Homossexual, publicado pela Editora Betânia. E-mail: juliosevero@hotmail.com

Fonte: http://www.juliosevero.com.br/

[1]Cf. Dr. Paul Cameron, The Gay 90s (Adroit Press: Franklin-EUA, 1993), p. 48.
[2]Cf. Dr. Judith Reisman, Kinsey: Crimes & Consequences (The Institute for Media Education: Arlington-EUA, 1998), p. 244.
[3] An unnamed homosexual radio spokesperson, quoted in David A. Noebel, Wayne C. Lutton, and Paul Cameron. AIDS: Acquired Immune Deficiency Syndrome. Summit Ministries Research Center, Manitou Springs, Colorado, 80829. 1985, 149 pages, $3.95. Reviewed by Chilton Williamson, Jr. on page 58 of the April 11, 1986 issue of National Review. This is a review of the literature that has been written about AIDS, and an examination of the tactics used by homosexuals to take advantage of the plague to further their own goals.
[4] Entrevista intitulada Sobre Homossexualidade e Cristianismo: http://geocities.yahoo.com.br/luizmottbr/entrev12.html

- www.juliosevero.com | 2007-02-11 08:14:31





Opinião

O evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida. [João Calvino]