Ofensa e Revolta

Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão chateado como uma ofensa lançada contra a minha família. Eu não conseguia suportar qualquer tipo de desrespeito (verbal ou não-verbal) demonstrado contra o "meu povo".

Lembro bem de uma ocasião em que, jogando futebol, um dos garotos do outro time falou mal de minha mãe. Eu, obviamente, fui "tomar satisfações" com ele. O problema é que eu nunca fui do tipo que mete medo em alguém. Pelo contrário, minha pequena estatura e porte físico magro, sempre serviram mais para dar a idéia de um garoto indefeso do que qualquer outra coisa. Resultado: perdi a "briga". Nunca fui do tipo brigão, mas acreditava que existiam determinados temas diante dos quais eu precisaria fazer o possível para demonstrar minha indignação, e defender a honra.

Hoje continuo não sendo um cara brigão. Continuo não metendo medo nos outros. Ainda acho terrível qualquer ofensa lançada sobre os meus familiares. Mas não vou tomar satisfações no campo "braçal". O campo das idéias me parece muito mais interessante, e, quando as alegações são infundadas, normalmente deixo as evidências naturais da vida massacrarem tais ofensas. Nada desmascara mais uma maledicência infundada do que a boa conduta de uma pessoa. O fato é que, o amor que sinto por meus familiares me deixa bastante indignado com qualquer tipo de desrespeito demonstrado por eles.

Permitam-me, então, explicar o porquê destas lembranças (afinal de contas, ninguém gosta de lembrar que perdeu uma briga, ou que era considerado indefeso na infância).

O amor que sinto por minha família é muito grande. Mas o amor que sinto por meu Deus é ainda maior. Desta forma, sou tomado de mais intensa indignação e tristeza quando o meu Senhor é desonrado.

Penso que isto é sentimento comum entre os cristãos. Eles adoram ao Deus eterno, dedicam suas vidas à exaltação e glorificação do Altíssimo, buscam uma vida que honre ao Pai, e, portanto, não conseguem "digerir" as ofensas (verbais e não-verbais) realizadas contra o Senhor.

Ainda assim, não é novidade que o mundo desonre a Deus. A Bíblia demonstra isso claramente. Mas a questão toma proporções ainda mais intensas e sérias quando se trata de desrespeito ao Senhor dentro da igreja [1].

Muitos são os exemplos a serem citados, mas gostaria de citar um em especial – o desrespeito a Deus, demonstrado pela desconsideração direta de Sua Palavra.

Pessoas de dentro da Igreja estão desrespeitando a Bíblia Sagrada, colocando-A em segundo plano, e, desta forma, dizem ao próprio Deus que a Sua revelação não é tão importante assim.

Elas demonstram sua blasfêmia de muitas maneiras, dentre as quais:

1. Não lendo a Bíblia . A leitura da Palavra de Deus é uma lenda em suas vidas.

2. Não lendo a Bíblia com seriedade . Quando lêem, não colocam suas mentes para funcionar, a fim de entender e aplicar corretamente o texto. Apenas passam os olhos por cima das letras, como um analfabeto faria.

3. Desconsiderando os ensinamentos bíblicos. Alguns lêem e entendem, mas simplesmente não desejam praticar o que lhes foi ordenado.

4. Colocando suas experiências acima da Palavra de Deus. Mesmo reconhecendo o que a Bíblia diz, alguns decidem contrariá-la com base naquilo que já viveram.

5. Distorcendo o texto bíblico. Alguns, percebendo a seriedade das ordenanças Divinas, modificam termos e tentam distorcer textos, para legitimar sua prática pecaminosa.

6. Relativizando a verdade de Deus. Outros, também para legitimar o seu pecado, preferem relativizar as Sagradas Escrituras, afirmando heresias e tentando desqualificar alguns textos com o argumento de que não se encaixam no nosso contexto, por serem "frutos de uma cultura diferente".


As conseqüências destes atos são terríveis. Pior que minha indignação diante de tais práticas, será a ira de Deus derramada sobre aqueles que não andam segundo a Sua Palavra.

Minha família nunca precisou da minha defesa. O meu Deus também não. Mas ficar inerte diante de ofensas tão profundas é atestar que eles não são meus familiares, ou que Ele não é o meu Senhor.

Soli Deo Gloria.

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[1] Igreja aqui não significa o espaço físico, mas o corpo dos eleitos de Deus que nasceram de novo.

Allen Porto - | 2007-02-02 03:05:13





Opinião

O evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida. [João Calvino]