A escolha deliberada de lares sem filhos: a rebelião moral com uma nova face.

A realidade é que o casal nem mesmo tem intenção alguma de ter filhos e eles sentem orgulho de seu casamento sem filhos.

De acordo com o jornal The Atlanta Journal-Constitution, Joe e Deb Schum de Atlanta não estão preocupados em preparar seu lar para a chegada de um bebê. A realidade é que o casal nem mesmo tem intenção alguma de ter filhos e eles sentem orgulho de seu casamento sem filhos. Conforme a matéria do jornal, “o casal Schum é parte de um número crescente de casais nos EUA para os quais filhos não são um fator importante no casamento”.

O jornal também apontou para o fato de que a taxa de natalidade americana caiu em 2004 para um histórico nível baixo de 66.9 nascimentos por 1.000 mulheres de idades entre 15 e 44. Isso representa um declínio de 43% desde 1960. “Muitos casais sem filhos”, de acordo com a notícia, “sentem prazer em sua decisão, apesar de incomodados com mães e amigos chocados. Outros lutam com a escolha antes de decidir ter um lar sem nenhum filho”.


Os Schums simplesmente não querem filhos atrapalhando seu estilo de vida. Eles adoram viajar pelas montanhas da Georgia em suas motos combinadas Harley-Davidson. Eles adoram sua cozinha refinada, toda equipada com utensílios da moda. Deb Schum explica: “Se tivéssemos filhos, precisaríamos de uma mesa onde as crianças poderiam fazer o dever de casa”. Claramente, filhos não são parte do plano de decoração interior deles.


Esse padrão de lares sem filhos vem atraindo a atenção dos meios de comunicação. O site esquerdista Salon.com realmente publicou uma série de artigos intitulados: “Ter ou Não Ter Filhos”. Essa série apresentou casais e indivíduos que decidiram que filhos não são parte de seu estilo de vida selecionado.


Certa mulher escreveu que a maternidade não é exatamente parte do plano dela, independente das expectações culturais ao contrário. O papel de mãe simplesmente não se encaixa em sua auto-imagem ou sua programação. “Participo de competições de corrida, natação e bicicleta. Meu marido pratica artes marciais. Nós dois temos carreiras que nos satisfazem. Viajamos pelo mundo… Adoramos nossa família e amigos. Temos um relacionamento íntimo e divertido”. Para outros casais, a questão decisiva é simplesmente financeira. Certa mulher perguntou: “O que ganharíamos com esse investimento? Há leis que obrigam meus filhos a pagar meu asilo quando eu envelhecer? Eles vão ser uma proteção suficiente contra a pobreza e a solidão?” O que dá para receber com esse investimento?


Alguns que escolheram ficar sem filhos chegaram até a formar organizações a fim de se unirem. O grupo “Nenhum Filho” foi formado em Atlanta em 2001 como um desabafo social para os casais que escolhem não ter nenhum filho. Traci Swartz, 30 anos e terapeuta ocupacional, se juntou ao Nenhum Filho com seu marido Jeremy, um analista de computação de 32 anos. “Quando não temos filhos, não ficamos envolvidos em nenhuma atividade como muitas outras pessoas, tais como futebol e balé”, disse Traci.


Ela explicou que os membros de Nenhum Filho têm mais probabilidade de conversar sobre bichinhos de estimação, viagens ou outros interesses comuns. Crianças raramente aparecem como assunto de uma conversa. “As pessoas pensam que nos sentamos por aí e conversamos sobre como odiamos crianças, mas quase nunca mencionamos crianças”, Traci explicou. Não é de admirar.


Outra mulher no grupo de Atlanta explicou: “A gente investe aqueles sentimentos maternais em outras áreas. Para nós, nossos cães recebem todo esse amor”. Esse modo de ver as coisas é doente, mas mais e mais comum.


Os cristãos precisam reconhecer que essa rebelião contra a paternidade representa nada menos do que uma revolta absoluta contra o plano de Deus. A Bíblia mostra que um casamento sem filhos é grande maldição e que filhos são um presente divino. O salmista declarou: “Os filhos são herança do SENHOR, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal”. (Salmo 127: 3-5 NVI)


Moralmente falando, a epidemia de lares sem filhos não tem nada a ver com os casais legalmente casados que desejam ter filhos, mas por algum motivo não têm a capacidade física de tê-los. A questão envolve os casais que têm plena capacidade de ter filhos, mas os rejeitam como intrusão em seu estilo de vida.


O lema desse novo movimento de homens e mulheres que escolhem deliberadamente lares sem filhos poderia ser resumido num adesivo criado na década de 1970 por Zero Population Growth, uma organização dedicada ao controle populacional. O adesivo dizia: “FAÇA SEXO, NÃO BEBÊS”. Esse modo de ver as coisas é precisamente o que as Escrituras Sagradas rejeitam. Casamento, sexo e filhos vêm incluídos juntos. Negar qualquer parte dessa inclusão total é rejeitar a intenção de Deus na criação — e Seu mandamento revelado na Bíblia.


A revolução sexual teve muitas manifestações, mas podemos agora ver que os americanos modernos estão determinados não só a livrar o sexo do casamento [e até mesmo das diferenças sexuais], mas também da procriação.


As Escrituras Sagradas nem mesmo imaginam casais que escolhem não ter filhos. A realidade chocante é que alguns cristãos estão engolindo esse estilo de vida e afirmam que um casamento sem filhos é uma opção legítima. O surgimento dos modernos anticoncepcionais tornou tecnologicamente possível tal opção. Mas o fato permanece que embora a revolução dos anticoncepcionais tenha possibilitado o casamento sem filhos, esse tipo de casamento é uma forma de rebelião contra o plano e ordem de Deus.


A Bíblia não dá aos casais a opção de escolher ter um lar sem filhos. Pelo contrário, os mandamentos de Deus nos instruem a receber filhos alegremente como presentes de Deus, e criá-los na instrução e conselho do Senhor. Descobriremos muitas das nossas alegrias e satisfações mais profundas criando filhos dentro do contexto da família. Os que rejeitam filhos querem ter as alegrias do sexo e do companheirismo conjugal sem as responsabilidades da paternidade. Eles se apóiam em outros para produzir e sustentar as gerações futuras.


Não será o repensamento secular que corrigirá essa epidemia de deliberados lares sem filhos. Numa campanha para separar o prazer do sexo do poder da procriação, os americanos modernos pensam que é seu direito o sexo totalmente livre de restrições e concepções. Filhos, é claro, representam uma restrição séria na vida dos pais. A paternidade não é um hobby, mas representa uma das oportunidades mais cruciais para a criação de homens e mulheres de Deus nesta vida.


A sociedade está claramente engolindo esse conceito. As reivindicações legais para que haja complexos de apartamentos e outras moradias semelhantes resumem-se à reivindicação de que os adultos precisam viver num ambiente sem crianças. Outros afirmam que as crianças já recebem atenção pública e investimentos de impostos demais, e que isso é uma imposição injusta sobre os que escolhem não procriar. É claro, o próprio uso dessa terminologia trai a rebelião nesse argumento. Os animais dão cria. Os seres humanos procriam e criam filhos para a glória de Deus.


Sem dúvida, filhos provocam imposições em nossos confortos de criaturas, acordando-nos no meio da noite com necessidades exigentes e interrupções inconvenientes. Os pais aprendem sem demora que filhos não são somente o querubim sorridente dormindo no berço, mas também a criancinha de face suja, o adolescente teimoso e o jovem tempestuoso.


As igrejas deveriam insistir em que o padrão da Bíblia para a vida dos adultos significa casamento e casamento significa filhos. Tal padrão nos faz lembrar de nossa responsabilidade de criar meninos para serem maridos e pais e meninas para serem esposas e mães. Vê-se a glória de Deus nessa responsabilidade, pois a família é a esfera decisiva em que a glória de Deus é revelada ou negada. É tão simples assim.


As igrejas precisam ajudar a sociedade a readquirir o respeito pelas crianças como presentes de Deus. Deve-se chamar de rebelião moral a escolha deliberada de uma sexualidade estéril e um casamento sem filhos. Exigir que o casamento signifique sexo — mas sem filhos — é defraudar o Criador de Sua alegria e prazer em ver os santos criando Seus filhos.


Traduzido do artigo original Deliberate Childlessness: Moral Rebellion With a New Face. Albert Mohler Jr. é presidente do Seminário Teológico Batista do Sul em Louisville, Kentucky. Para conhecer mais artigos e outros materiais do Dr. Mohler, visite seu site: www.albertmohler.com

Fonte: The Al Mohler Crosswalk Commentary — Deliberate Childlessness:Moral Rebellion With a New Face, June 7, 2005.

Albert Mohler / Traduzido e adaptado por Julio Severo - www.juliosevero.com | 2007-02-20 03:14:17





Opinião

O evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida. [João Calvino]