Como funcionará a tinta eletrônica?

Como a tinta eletrônica poderia mudar radicalmente a maneira como lemos livros, ela poderia mudar também a maneira com que você recebe seu jornal diário.

Em um mundo cheio de monitores e telas eletrônicas fabricados com cristal líquido, diodos emissores de luz e plasma, você provavelmente não deve achar o papel uma tecnologia revolucionária. A invenção do papel pelos chineses, em 105 d.C., porém, mudou para sempre a maneira como o mundo se comunica. Sem ele, os livros ainda seriam impressos em pergaminhos de seda que somente os ricos podiam comprar, o que fazia com que a leitura fosse um privilégio de poucas pessoas.

Olhe à sua volta: seria quase impossível viver um dia sem ter contato com o papel em uma de suas formas. Este ano, de acordo com a Associação Nacional de Comerciantes de Papel da Inglaterra, estima-se que o mundo vai consumir 280 milhões de toneladas de papel. Isso é igual a 56 trilhões de folhas de papel carta (veja esta questão - em inglês - a respeito do peso do papel).

Por cerca dois mil anos, a tinta no papel foi a única forma de exibir palavras e imagens, e ela ainda supera os monitores de computador quando o assunto é portabilidade e preço. Além disso, o papel também não precisa de uma fonte de energia externa. Mas ele tem suas limitações: depois de impressas em um papel, as palavras não podem ser alteradas sem deixar algumas marcas, além de ser difícil carregar um grande número de livros por aí.

Os cientistas agora estão próximos de desenvolver uma tecnologia revolucionária que poderia substituir o papel : a tinta eletrônica. Neste artigo, você vai descobrir como a tinta eletrônica é feita, como vai permitir que você carregue uma biblioteca inteira em um único livro e como pode ser usada para baratear as telas de computador.

Usos para a tinta eletrônica

O ápice da tecnologia de tintas eletrônicas é o livro digital, que pode imprimir a si mesmo e os leitores poderiam folhear como se fosse feito de papel comum. Um livro assim poderia ser programado para exibir "O velho e o mar", de Ernest Hemingway; depois, quando você tivesse terminado essa história, poderia automaticamente substituí-la fazendo um download wireless do livro mais recente de "Harry Potter" de uma base de dados, por exemplo. Em maio de 2000, o presidente da E Ink, Jim Iuliano, previu que os livros eletrônicos seriam possíveis em poucos anos. A Xerox apresentou planos para inserir um dispositivo de memória na lombada do livro e permitir que os usuários armazenam até 10 livros no dispositivo.


Como a tinta eletrônica poderia mudar radicalmente a maneira como lemos livros, ela poderia mudar também a maneira com que você recebe seu jornal diário. Poderia até acabar com a entrega de jornais como a conhecemos. Em vez de entregadores jogando o jornal de suas bicicletas, motos ou pela janela dos carros, uma nova geração de entregadores de jornais simplesmente apertaria um botão em seus computadores, atualizando simultaneamente milhares de jornais eletrônicos toda manhã. Seria como o antigo jornal, com uma diferença: você não teria de se preocupar com a tinta grudando em seus dedos e também eliminaria as pilhas de jornais velhos que precisam de reciclagem.

Antes de desenvolver livros e jornais digitais, a E Ink vai desenvolver telas de exibição eletrônicas para telefones celulares, PDAs, pagers e relógios digitais. Para isso, a E Ink já recebeu apoio financeiro da gigante das comunicações Motorola. As telas de tinta eletrônica teriam muitas vantagens sobre a tecnologia de telas atual, incluindo: baixo consumo de energia,flexibilidade e legibilidade


A E Ink revelou seu primeiro produto usando a tinta eletrônica em 1999: as telas de grande porte Immedia. Esses sinais gigantes gastam apenas 0,1 watts de energia, o que significa que a mesma energia necessária para ligar uma lâmpada de 100 watts poderia fornecer energia para mil sinais Immedia. A E Ink disse que nos dispositivos eletrônicos a tinta eletrônica usaria de 50 a 100 vezes menos energia do que as telas de cristal líquido, pois a tinta eletrônica precisa de energia somente quando está alterando a imagem. Por essa mesma razão, um livro digital pode exibir o mesmo texto por semanas sem precisar de carga adicional.

A tinta eletrônica pode ser impressa em qualquer superfície, incluindo paredes, outdoors, rótulos de produtos e camisetas. As famílias em breve poderão mudar seu papel de parede digital instantaneamente enviando um sinal para a tinta eletrônica pintada nas paredes das casas. A flexibilidade da tinta também tornaria possível desenvolver telas para dispositivos eletrônicos que pudessem ser enroladas.

Outra vantagem que a tinta eletrônica tem sobre as telas de computador tradicionais é sua legibilidade. Parece muito mais com texto impresso e por essa razão é muito melhor para os olhos. No entanto, ambas as empresas precisam melhorar a resolução de seus produtos para que eles sejam viáveis em livros ou outras publicações do mesmo porte. A Xerox já fez telas com uma resolução de 200 pontos por polegada (dpi), que é mais do que o dobro da resolução de uma tela de LCD comum. Os transistores imprimíveis da Lucent devem permitir que a E Ink aumente a resolução de seus produtos para que se assemelhem à resolução de um livro impresso.

Os fabricantes de tinta eletrônica não esperam que as pessoas joguem fora os papéis ou se desfaçam de seus monitores de computador no mesmo instante que esse produto chegar ao mercado. Inicialmente, ela vai continuar a ser utilizada junto aos papéis e outros tipos de telas. Mas, a longo prazo, a tinta eletrônica pode ter um impacto de bilhões de dólares na indústria editorial.

- www.melodia.com.br | 2009-06-25 02:39:37





Opinião

O evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida. [João Calvino]