A oração de uma mãe: "Que você encontre a liberdade em Cristo"

Tanja foi afastada de sua filha pequena depois que se entregou a Cristo e é mais um exemplo de fé e perseverança dos nossos irmãos e irmãs da Igreja Perseguida.

QUÊNIA - O texto que você vai ler a seguir foi escrito por Cassia Carrenho com base nos fatos reais da vida de uma mãe cristã que vive no Quênia. Tanja foi afastada de sua filha pequena depois que se entregou a Cristo e é mais um exemplo de fé e perseverança dos nossos irmãos e irmãs da Igreja Perseguida.

Quase um conto de fadas

Tanja de vez em quando ouve um choro de bebê bem baixinho. Normalmente vai correndo até a porta, mas logo percebe que mais uma vez imaginou ouvir sua filha.

Lágrimas correm pelo seu rosto toda vez que isso acontece e sua sensação é que nunca conseguirá ser completa novamente até conseguir sua filha de volta.

A história de Tanja começou como um conto de fadas. Nascida e criada numa família muçulmana, ela sonhava em conhecer um belo rapaz muçulmano, casar-se e poder criar seus filhos nos ensinamentos islâmicos.

Como numa história de princesa, Tanja conheceu um rapaz muito especial e, com o consentimento das duas famílias, logo eles se casaram.

O marido de Tanja a amava, mas ambos haviam sido criados numa sociedade em que a mulher não tem valor e Tanja sofria muito com a falta de carinho do marido.

Infelicidade e culpa

Eles não eram ricos, mas levavam uma vida confortável e eram considerados bons muçulmanos pelos seus vizinhos. Além da solidão, Tanja era muito jovem e sentia que tinha o direito de ser mais livre, de opinar, de ser considerada gente... Apesar de não ter exemplos de mulheres que pensassem assim ao seu redor.

Muitas vezes, ela se perguntava por que não nascera homem! Assim teria mais liberdade!

Tanja não sabia como sair dessa situação. Queria ter uma família, mas também queria ser livre. Acreditava na sua religião, mas sentia-se presa a uma série de normas e regras.

Um dia, Tanja começou a passar mal, sua mãe viu seu estado e dançou de tanta alegria: Tanja estava grávida!

Ela seria mãe! Que alegria, achava que agora seu marido lhe daria mais atenção.
Mas as coisas não melhoraram. Apesar da gravidez, seu marido continuava igual. Não dava nenhum carinho, só cobrava o que ela não fazia na casa e a xingava constantemente.

Tanja estava infeliz e culpada, pois sabia que seu marido era um bom muçulmano. Tinha certeza que ela era o problema.

Ela saiu um dia para andar um pouco e encontrou uma antiga amiga que não via há muitos anos. Tanja gostava muito dela quando era criança, mas tinha sido proibida de brincar com ela, pois seus pais viraram cristãos.

Na época, Tanja não entendia muito, mas sabia que eles eram muçulmanos e tinham que continuar assim.

“Ore por mim!”

Sua amiga percebeu seu desespero e, em pouco tempo, Tanja estava chorando e contando seus problemas. Sua amiga perguntou se poderia orar por ela e Tanja permitiu. Sem se dar conta das horas, ela voltou tarde para casa, e, dessa vez, os xingamentos transformaram-se em socos.

Enquanto estava caída, ela só pensava em seu bebê e na oração da sua amiga: Que Deus mostre seu amor por ela!

No outro dia, ela encontrou-se novamente com sua amiga, e dali para frente todos os dias as duas davam um jeito de se reunir para ler a Bíblia. Tanja sentia paz quando lia a Bíblia, sentia-se livre!

Ela então decidiu aceitar a liberdade que Deus nos dá através da sua salvação e decidiu que seria cristã.

Tanja não tinha idéia dos problemas que isso poderia causar, porque achava que poderia esconder da sua família o fato de ser cristã.

No meio de uma noite, Tanja acordou com muitas dores e como a gravidez já estava avançada acharam que o bebê estava nascendo. Horas e horas de dor, e o bebê não nascia. Tanja sofria de dor e orava para que Deus a protegesse.

Quando não agüentava mais, ela gritou para que chamassem sua amiga pois ela poderia ajudar. No começo seu marido não aceitou, pois sabia que ela era cristã, mas depois achou que ela fosse ajudar com algum remédio e concordou.

Ao chegar na casa, a amiga segurou forte na mão de Tanja e perguntou o que ela poderia fazer; Tanja respondeu: “Ore por mim!”.

Enquanto a amiga orava as pessoas olhavam para o marido sem entender o que estava acontecendo. Alguns começaram a falar que ela morreria porque havia traído o islamismo.

Uma hora depois, Tanja pôde segurar em seus braços sua pequenina filha. A primeira oração que fez foi: “Que você encontre a liberdade em Cristo Jesus”.

Oração constante

Dias depois do nascimento, Tanja enfrentou seu marido e família e contou que era cristã. Disse com tanta convicção que ninguém ousou retrucar. Seu marido simplesmente disse: “Você não é mais minha mulher”. E depois foi a vez de seu pai: “Você não é mais minha filha”.

Naquela noite Tanja chorou intensamente. Seu espírito estava em paz, mas as palavras de pessoas tão queridas a machucaram demais. Chorou e dormiu.

Os primeiros raios de sol acordaram Tanja. Ela estranhou ter dormido tanto, afinal acordava todas as madrugadas para alimentar o bebê.

Demorou alguns segundos até que uma sensação de pavor tomasse conta dela. Ela olhou no cantinho onde dormia sua filha e só havia lençóis.

Tanja correu em todas as direções procurando e perguntando sobre sua filha. A única coisa que conseguiu descobrir foi que toda a sua família havia ido embora. As casas estavam vazias, eles haviam deixado apenas as coisas de Tanja. Menos sua pequena filha.

Seis meses depois, Tanja só conseguiu saber que ela está em um campo de refugiados, mas não sabe onde. A dor é imensa e visível. Ela foi desprezada por todos e obrigada a fugir também. Mas uma coisa não mudou: Todos os dias ela se encontra com sua amiga e juntas oram para que Deus proteja e liberte sua pequena filha.

Missão Portas Abertas

Tradução: Cassia Carrenho - Missão Portas Abertas | 2006-07-16 12:33:13





Opinião

O evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida. [João Calvino]