Comunhão e beleza: o domingo em uma igreja doméstica de jovens na China

Relato feito por um membro de uma equipe que visitou uma igreja doméstica na China.

CHINA - O relato a seguir foi feito por um membro de uma equipe que visitou uma igreja doméstica na China. Por razões de segurança, todos os nomes foram trocados.

Sasha, 24, era nossa guia naquela manhã de verão úmido, mas muito quente, numa das maiores cidades no Leste da China. Levou menos de 10 minutos o caminho que percorremos com ela do nosso hotel – em moderno estilo ocidental – até a igreja doméstica, andando por ruas estreitas, com pequenas lojas dos dois lados. Era por volta das 9h30 de domingo e algumas lojas ainda estavam com suas portas de ferro abaixadas, mas algumas tinham começado seu trabalho de solda, forja, venda de legumes e escritórios.

Do lado de dentro do portão do condomínio, outros jovens estavam chegando para o culto. Todos nos orávamos para que nenhum dos ocupantes dos apartamentos notasse a visita de ocidentais. O elevador estava lotado. Como precaução, quatro dos visitantes ocidentais desceram no quinto andar para ir ao encontro, enquanto os outros quatro foram para outro andar antes de se unir ao grupo. Felizmente, os corredores, as escadas e o elevador estavam sossegados.

Chegando à igreja doméstica, encontramos 20 rapazes e moças reunidos em uma sala que media 3 x 8 metros. Enquanto cumprimentávamos os presentes, os outros quatro chegaram. “Nós somos cautelosos, mas não temos medo, porque o Senhor cuida de tudo. Mais uma vez Ele atendeu minhas orações. Não encontramos ninguém no corredor”, contou Sasha, sorrindo. O culto era considerado ilegal, já que havia mais de 20 pessoas. “Mas é legal ao olhos de Deus”, afirmou Sasha.

“Seu problema é meu problema”

O culto na igreja doméstica começou às 8h30, com uma hora e meia de comunhão e estudo bíblico (eles estavam estudando Romanos). Por volta das 10 horas, o culto “normal” da igreja começou. A liturgia era similar à nossa do ocidente. Com as janelas fechadas, nós cantamos e batemos palmas junto com a música de um aparelho de CD. As canções de um hinário próprio foram cantadas com vigor durante o período de louvor.

Depois das canções, os visitantes foram convidados a falar. A temperatura na sala tinha subido a um nível tropical. Nós fomos saudados com aplausos calorosos quando explicamos que tínhamos ido até lá porque amamos a China e que milhares de pessoas nos nossos países oram regularmente pela China.

O sermão foi baseado em Marcos 6, em que Jesus alimenta cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes. Todos tinham sua própria Bíblia. Obter uma Bíblia por um preço razoavelmente baixo não é problema nessa moderna, vibrante e populosa metrópole. Nessa parte da China não é mais obrigatório registrar detalhes pessoais.

O pastor introduziu seu sermão com uma questão: “Qual é o objetivo de uma macieira? É produzir maçãs? Não, é produzir outras macieiras.” Ele disse que somos responsáveis uns pelos outros; Jesus mostrou aos discípulos que o problema deles é problema do Filho e que o problema do Filho é problema do Pai. “Temos de seguir o exemplo de Jesus, de modo que o seu problema se torna o meu problema”, disse o pastor. Repetidas vezes, a audiência pronunciava um entusiasmado “amém”.

Em seguida, era hora de colocarmos o que foi pregado em prática. Em pares (rapazes com rapazes e moças com moças), os jovens oravam com fervor uns com os outros. O culto terminou com mais músicas – dessa vez, só com as vozes.

Quatro divisões

Depois, John, o jovem pastor responsável por 19 igrejas domésticas, explicou que, de modo geral, a polícia apenas age se os grupos crescem muito, se há suspeita de contato com estrangeiros, ou se há reclamações da vizinhança.

Esse grupo é abençoado com um vizinho cristão de um lado e um amável casal de velhos do outro. O grupo foi dividido quatro vezes em dois anos devido ao seu rápido crescimento, e em breve terá de se dividir mais uma vez, por causa de seu tamanho.

Deixamos a igreja doméstica em intervalos de 15 minutos, voltando para o hotel por diferentes caminhos. Os jovens daquela igreja continuaram o culto depois do almoço, com mais estudo bíblico e comunhão até o final da tarde.

Missão Portas Abertas

Tradução: Cristina Ignacio - Missão Portas Abertas | 2006-07-15 11:18:00





Opinião

O evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida. [João Calvino]